terça-feira, janeiro 10, 2006

No tempo de Soares... (2)

As queixas eram as mesmas. Em ambos os casos (o programa "Praça Pública" da SIC e as "Presidências Abertas" de Mário Soares) dava-se a voz a um dos lados da notícia e parecia não haver o princípio do contraditório: os atacados não estavam lá para se defender ou faziam-no no papel de culpados.

Quer o Praça Pública quer Soares encontravam temas "fracturantes" que incomodavam o poder cavaquista. Se essa é uma missão do jornalismo, era-o pela primeira vez da presidência. Em ambos os casos a consequência política da comunicação era o desgaste do poder, a irritação com o Governo. Ainda antes de eleger um presidente (o do Benfica), a SIC mostrava que a TV pode contribuir em muito para derrubar governos.

O Governo PSD caiu e as coincidências prosseguiram: Soares não voltou a fazer presidências abertas e o Praça Pública desapareceu da SIC; depois, Jorge Sampaio não fez presidências abertas do tipo soarista (o Governo é do mesmo partido) no primeiro mandato e também a SIC continuou sem Praça Pública.

(Eduardo Cintra Torres, aqui)