sexta-feira, outubro 14, 2005

Análise ao retardador

A que se deve a perda de votos na Coligação POR COIMBRA?
1º. A Coligação POR COIMBRA perde 5.049 votos relativamente a 2001. É minha convicção que tal facto se deve, em primeira linha, à significativa diminuição do número de eleitores e de votantes (menos 6.135), bem como ao aumento dos votos em branco e nulos (mais 1.249). Para muitos naturais eleitores da Coligação tudo estava decidido, não tendo Victor Baptista conseguido fazer passar a ideia de vitória do PS, por mais que se esforçasse. Só ele próprio, os que lhe estavam próximos e a empresa de sondagens que contratou, acreditaram até ao momento derradeiro que era possível ganhar;
2º. É perceptível algum descontentamento, pelo menos aos meus olhos, de sectores claramente referenciáveis e que tinham votado na Coligação há quatro anos, relativamente a aspectos muito particulares da governação actual da cidade. Falo naturalmente de gente que não vai em futebóis - entenda-se como se quiser, mas que me escuso aqui de pormenorizar, como se compreenderá, porque tenho a obrigação estricta de o fazer, primeiramente, no local próprio;
3º. Não se verificou o voto útil anti-Machado, observado claramente em 2001. Manuel Machado apresentou-se, de facto, muito fragilizado às eleições de 2001. Anos de desgaste de poder, zangado com este mundo e o outro, sem apresentar obra que se visse, enclausurado no seu gabinete da praça 8 de Maio, centralista, com tiques de arrogância, rodeado de cada vez menos gente em quem confiava e ainda por cima, tendo que enfrentar Carlos Encarnação. Manuel Machado chegou ao limite de mudar toda a lista da vereação, cometendo o duplo erro de só manter o presidente da concelhia partidária, não percebendo que quem devería saír era ele próprio;
4º. Porventura, a pergunta que se devía fazer não é esta, mas exactamente a contrária: a que se deve tão pouca perda de votos na Coligação POR COIMBRA, relativamente ao que valem os partidos que a constituem?
a) Clara e fundamentalmente a Carlos Encarnação. Revelou-se um extraordinário Presidente da Câmara nas condições que Coimbra enfrentava. Revelou-se um ser humano e um politico de respeito e a ter em conta no futuro. Escuso-me, por ora, a tecer elogios que pareceríam excessivos e que, em boa verdade, não fazem o meu feitio;
b) Às hesitações do putativo candidato do PS, ao perfil do protagonista escolhido, à forma como preparou o processo interno da sua escolha como candidato, às equipas que escolheu e ao tipo de campanha que desenvolveu. Sem ofensa, pareceu-me que Victor Baptista fez uma campanha a pensar que era candidato à Figueira da Foz, tendo-se esquecido que estava em Coimbra. Admito que Victor Baptista fosse um bom Presidente da Câmara. Mas era, para estas eleições, um candidato perdedor. Por isso, defendi anteriormente, que é minha convicção que fará tudo para concretizar o seu desejo de recandidatar-se.

(Maló de Abreu)