quarta-feira, agosto 24, 2005
Ri-se, o fogo. Ri-se
Madeiras do bosque ceifadas à terra
Castas no início, as formas do fogo
Transfiguram-se a cada instante.
Línguas que ora se unem ou desprendem
Intrépido e sensual movimento.
Não há cansaço nas mãos do fogo.
Beijos, silhuetas bailantes.
Por instantes aquietam-se
Simulam o pós-êxtase
O adormecer.
Se súbito, eis que se erguem
Em todo o seu esplendor
Troçando de mim.
Ri-se, o fogo. Ri-se.
Até que perece nas tépidas cinzas
Deixa-se embalar nos braços do vento
E desaparece
Para voltar de novo à terra.
É o ciclo da Vida.
(Do livro "alma d'água")
(fotos: autor anónimo recebidas via e-mail)