segunda-feira, agosto 22, 2005

Hay qui tenerlos!

Dizem-me que Coimbra está cercada por quatro frentes de fogo.
Ano após ano, assistimos ao mesmo e aos mesmos queixumes: falta de meios, falta de homens, populações em risco, floresta ardida. E ouvimos, quase sempre os mesmos, a dizer quase o mesmo: para o ano é que é a sério, vamos investir na prevenção, mais meios de combate, maior punição dos pirómanos, blá-blá, blá-blá... Um anos depois, incrédulos, não queremos acreditar no que vemos: mais fogos, mais floresta ardida, mais casas e bens em perigo, mais choro de gente desprotegida, mais mortes de bombeiros. Um ano depois, incrédulos, não queremos acreditar no que ouvimos: para o ano, o mesmo blá-blá, blá-blá...!
Neste país, não é chegado o momento de nos deixarmos de conversas e promessas por cumprir? Não será chegado o momento de se fazer exactamente o que se diz e deve ser feito? Não será chegado o momento de se deixarem de blá-blá, blá-blá...?
Uma das nossas guerras é esta. O nosso campo de batalha já há muito que não está em África, mas também não é no Iraque, no Kosovo ou no Afeganistão. É aqui! De que nos servem submarinos e aviões F16, senão para brincarmos às guerras do Solnado ou para esbanjarmos meios financeiros indispensáveis aos nossos combates internos? E não há quem se envergonhe por andar sempre de mão estendida, qual pedinte, aos aliados europeus? Como se eles tivéssem a obrigação de ajudar permanentemente quem não faz os trabalhos de casa. Parece que gostamos de aparecer como gente rica, mesmo quando continuamos a viver na nossa alegre e pobre casinha.
Dir-me-ão que este é um discurso populista ou mesmo de esquerda. Que seja! Mas quem vos disse que eu era de direita? Para parar de vez com estas tragédias anuais, têm razão os nossos vizinhos espanhóis: hay qui tenerlos!
Depois do que tenho assistido nestes dias pelo Distrito e pelo País. Depois do que assisti ontem e continuo a presenciar hoje em Coimbra. Talvez importe perguntar muito a sério: o Jardim Botânico, essa jóia rara, tem um plano de emergência para a eventualidade de um incêndio?
Maló de Abreu