Com a devida vénia

...ao Almirante, republica-se a "rede do pescador", a propósito do ora dito pelo Clandestino...
"Alguém muito rico resolveu dar a volta ao mundo no seu iate. E certo dia chegou a uma praia maravilhosa, de boas águas, muito peixe e árvores de frutos. Ao passear pela praia encontrou um homem da terra deitado na sua rede, a olhar o imenso mar azul. Chegou-se perto dele e meteu conversa:
- Isto é muito bonito...
- É...respondeu o homem sem desviar os olhos do mar.
- Este mar tem muito peixe?
- É só jogar a rede e apanhamos os que quisermos...
- Porque não pescas mais?
- Para quê?
- Ora, pescando muito podes vender.
- Para quê?
- Com o dinheiro da venda compras um barco maior, vais mais longe e apanhas ainda mais peixe.
- Para quê?
- Com o dinheiro compras outro barco, apanhas mais peixe e ganhas mais dinheiro.
- Para quê?
- Juntando cada vez mais dinheiro, compras mais barcos e quem sabe se um dia não terá uma indústria de pesca por aqui...
- Para quê?
- Ora, homem, assim terás tudo o que quiseres e então poderás ficar o resto da vida a descansar, despreocupado, deitado na rede a olhar o mar...
O bom do homem da terra desviou finalmente o olhar do mar e perguntou ao homem rico:
- E o que é que eu estou a fazer agora?"
Com a devida vénia, tiremos uma moral da história: dinheiro não traz felicidade. principalmente se o nosso objectivo é deitarmo-nos numa bela rede, numa bela praia...