domingo, maio 08, 2005

As causas não têm preço

Há 25 anos eu estava longe de ter 25 anos. Por essa altura vivi os melhores momentos da minha vida.
Eu tinha sido no ano anterior, 1979, presidente da Associação Académica de Coimbra. Foram meses extenuantes, mas gratificantes. Onde nasci para a política associativa e onde fiz amigos e companheiros para a vida, mesmo entre os adversários. Foi um ano de sonhos e de lutas, de combates e vitória, de alegrias e emoções. Inesquecíveis. Assim nasceu um rio que ninguém pode parar.
Um ano depois, em 1980, era eu presidente da comissão central da Queima das Fitas. Nada de importante, visto com olhos de hoje. Mas, era só a primeira Queima, onze anos depois de 69, ano em que foi decretado o luto Académico. Numa Academia profundamente dividida àcerca do retomar das tradições académicas, em contraponto com uma cidade inteira que desejava o regresso ao que de bom tinha o passado. A festa, a alegria, a juventude, a irreverência estudantil tinham necessáriamente que voltar a saír à rua e descendo por todos as ruelas, passando pelas praças, percorrendo avenidas e ruas até desembocar na Portagem. E assim se fez. E assim um rio vai dar ao mar. Apliquei aí o que já tinha aprendido em 74: que é pura perda de tempo lutar contra os ventos da história e do futuro. Mais do que tudo o resto, 79 e 80 foi uma enorme e ensurdecedor grito de liberdade da Academia e de Coimbra.
Vocês sabem lá o que foram esses dois anos? Vocês sabem lá as estórias mil que tenho para contar? Vocês sabem lá o que é uma brutal explosão interior quando não se tem ainda 25 anos? E um povo inteiro feito onda a apoiar? E os antigos estudantes a chorarem, convulsivamente. Vocês sabem lá os segredos da minha capa, por revelar?
As causas não têm preço. Não vendo nem troco as minhas memórias.

12 comentários:

Anónimo disse...

Muito Bem Almirante!

Venho agoira do parque com uma chiba que Vexa já não conhece desde esses tempos e sinto que valeu a pena o seu esforço :)!

Foi tb graças a si que hj posso curtir a queima como muitos nao puderam!

Já agora, conte aí a história da sua detençaoi no posto da GNR da Anadia juntamente com o Zé Beto!

Abraços

Anónimo disse...

Lamento mas vejo as coisas por um ângulo diferente:
Infelizmente a Universidade de Coimbra com as suas latadas,convívios, recepções,queimas, etc. é uma Bebedeira Permanente. É só curtir.
Os alunos marcam passo ano após anos à custa do erário público e dos bolsos dos pais e não passam de meros alimentadores da voraz noite e dos abutres que dela retiram chorudos lucros.
Segundo parece, com o encerramento da Sereia até o vergonhoso abastecimento de droga passou dali para o jardim da AAC.

O profs agradecem toda esta situação. Com ninguém está para se chatear com essa coisa aborrecidas das aulas lá vão ganhando o ordenadito apenas se limitando a sumariar as matérias.
São na sua maioria antigos alunos da UC que por ali ficaram e nada mais fizeram na vida, portanto pouco tendo para ensinar para além das sebentas, que complicam até à raiz do imaginável, para dar a entender que são uns grandes crâneos.
Não há investigação, inovação, actualização, desafio á sociedade, modernidade e sobretudo seriedade na Universidade de Coimbra.
Não há ligação ao mercado e á Sociedade e tudo se fica mais ou menos pelas "chibas", pelo "curtir" do comentário anterior e pelo "chique " que é envergar um traje académico parolo e meramente folclórico.
Ponham os olhos na Universidade de Aveiro ou na do Minho.
Portanto meu caro Almirante, o Sr. é um dos responsáveis por este estado de coisas. Deixasse estar a queima como estava e talvez as coisas hoje estivessem melhor e Coimbra se pudesse orgulhar da sua Universidade.
A QUEIMA É APENAS UMA GRANDE ORGIA COLECTIVA. É incrível como se submetem os cidadãos àquela onda de ruído, de lixo e de cenas chocantes de jovens completamente bêbados às 9 da manhã, durante uma semana, numa altura do ano em que deveriam estar a preparar-se para os exames.
Haverá algum outro País civilizado onde se passe uma coisa destas?
Se lá tiver um filho ou uma filha(elas ainda são piores)compreenderá este comentário.

Anónimo disse...

Lamento mas vejo as coisas por um ângulo diferente:
Infelizmente a Universidade de Coimbra com as suas latadas,convívios, recepções,queimas, etc. é uma Bebedeira Permanente. É só curtir.
Os alunos marcam passo ano após anos à custa do erário público e dos bolsos dos pais e não passam de meros alimentadores da voraz noite e dos abutres que dela retiram chorudos lucros.
Segundo parece, com o encerramento da Sereia até o vergonhoso abastecimento de droga passou dali para o jardim da AAC.
O profs agradecem. Lá vão ganhando o ordenadito apenas se limitando a sumariar as matérias.
São na sua maioria antigos alunos da UC que por ali ficaram e nada mais fizeram na vida, portanto pouco tendo para ensinar para além das sebentas, que complicam até à raiz do imaginável, para dar a entender que são uns grandes crâneos.
Não há investigação, inovação, actualização, desafio á sociedade, modernidade e sobretudo seriedade na Universidade de Coimbra.
Não há ligação ao mercado e á Sociedade e tudo se fica mais ou menos pelas "chibas", pelo "curtir" do comentário anterior e pelo "chique " que é envergar um traje académico parolo e meramente folclórico.
Ponham os olhos na Universidade de Aveiro ou na do Minho.
Portanto meu caro Almirante, o Sr. é um dos responsáveis por este estado de coisas. Deixasse estar a queima como estava e talvez as coisas hoje estivessem melhor e Coimbra se pudesse orgulhar da sua Universidade.
A QUEIMA É APENAS UMA GRANDE ORGIA COLECTIVA. É incrível como se submetem os cidadãos àquela onda de ruído, de lixo e de cenas chocantes de jovens completamente bêbados às 9 da manhã, durante uma semana, numa altura do ano em que deveriam estar a preparar-se para os exames.
Haverá algum outro País civilizado onde se passe uma coisa destas?
Se lá tiver um filho ou uma filha(elas ainda são piores)compreenderá este comentário.

ALMIRANTE disse...

1.Tudo o que é exagerado ou desnecessário é lamentável;
2. A Queima em que participei visava principalmente repôr o melhor das tradições académicas;
3.Tenho a ideia que muitos aspectos dessa tradição deveríam ter evoluido em melhor sentido;
4. Mas tenho a ideia fixa de que, ao contrário do que é costume dizer-se sempre, esta juventude é melhor do que a do meu tempo;
5. Já não estou em condições, como acontecía quando tinha 25 anos, de tentar mudar o mundo. Entretenho-me agora, tão só, a tentar mudar-me a mim mesmo, melhorando-me como pessoa. E mesmo assim não sei se consigo.

ALMIRANTE disse...

Resposta ao abraço das 7:15 AM
A história no posto da GNR da Anadia não envolve o Zé Beto, nem eu fui detido. Nem aí nem nunca.
São participantes na dita, um grupo de estudantes que se deslocaram um dia inteiro à região vitivinicola da Bairrada, afim de carregar "mantimentos" para o cortejo. Em todos as caves se provou do dito, até que ao fim da tarde, inesperadamente, apareceu-nos pela frente um raio dum cruzamento junto ao Pompeu dos Frangos...
Estavam presentes eu, Chico Cunha e Jorge Antunes, a quem se juntou mais tarde Dias Loureiro...
Manter-se-á segredo académico sobre a identidade do detido. Tanto mais que ele dormiu no posto, não por excesso de alcool, mas por ofensas à autoridade: garantíu mil vezes e de dedo em riste que, no dia seguinte, deitaría por terra o posto da GNR da Anadia, à frente de uma companhia de comandos angolanos armados até aos dentes e montados em chaimites...

Anónimo disse...

Partilho consigo a saudade.
Alguns baldes de água apanhei a subir a couraça no meu traje académico.
Também não troco as minhas memórias.
Faltam aos dias de hoje a dificuldade, a alegria intensa e...a oposição.
Falta principalmente estarmos lá nós, no centro da festa...isso é irrepetível e, por isso, único.

EU

Anónimo disse...

No segundo comentário afirma-se: "Ponham os olhos na Universidade de Aveiro ou na do Minho".
Sem querer entrar em polémicas, e do que conheço da academia do Minho, considero que se passa exactamente a mesma coisa. O que, extrapolando, me leva a pensar que em Aveiro, ou Vila Real, ou Évora, ou Faro, se passará precisamente o mesmo. Não creio que se trate de alguma "cultura da curtição". Simplesmente, os jovens divertem-se como é de esperar na sua idade, embora admitindo que, frequentemente, o fazem de forma excessiva.
Tal como o Almirante, creio firmemente que a maioria dos nossos jovens são gente boa, estudiosa e crítica, e está muito consciente do que os espera quando, no final dos seus cursos, sairem de uma universidade que os não prepara devidamente para a vida activa.
Não são as tradições académicas as culpadas do "estado da arte" das universidades. É antes o investimento público ridículo no ensino superior e na investigação. E, no meio de tudo isto, ainda temos a sorte dos nossos jovens conseguirem sobreviver e muitas vezes ser os melhores.
Quanto ao Minho... e falo do que conheço... "nem tudo o que luz é ouro"!

Anónimo disse...

Briiiioooosssaaa!!!

Mesmo ressacado dos copos lá fui eu a Aveiro apoiar a Briosa! Apoiar, é como quemn diz, quase que adormeci naquelas cadeiras do novo Mário Duarte.

paxaxita disse...

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido, não na vitória propriamente
dita." – Ghandi

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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