sábado, fevereiro 19, 2005

Ópera do Malandro

O malandro nº2

O malandro tá na greta
na sargeta do País
E quem passa acha graça
na desgraça do infeliz

O malandro tá de cama
hematoma no nariz
E rasgando sua bunda
uma funda cicatriz

O seu rosto tem mais mosca
que a birosca do Mané
O malandro é um presunto
de pé junto e com chulé

O coitado foi encontrado
mais furado que jesus
E do estranho abdomen
desse homem jorra pus

O seu peito putrefeito
tá com jeito de pirão
O seu sangue forma lagos
e os seus bagos estão no chão

O cadáver do indigente
é evidente que morreu
E no entanto ele se move
como prova o Galileu

Adaptação de Chico Buarque sobre obra de Kurt Weill e Bertolt Brecht
Nota: este post não tem nada a ver com a campanha eleitoral...