quinta-feira, fevereiro 17, 2005

O AMIGO LIBANÊS (2)

Contactado telefonicamente pelo PÚBLICO El-Assir afirmou não ter qualquer ligação empresarial com Dias Loureiro, que "é apenas um grande e bom amigo". O empresário libanês confessou não ter lido "Los PPijos", considerando que "nem tudo o que se escreve é verdade".
A imprensa espanhola ("El Mundo", 16/05/04) menciona o facto de El-Assir, de 54 anos, e com nacionalidade espanhola, estar proibido de entrar na Suíça e nos EUA, uma informação que o empresário contesta, adiantando que tem naquela localidade "residência" e mais de três mil empregados nos EUA, onde é proprietário de uma petrolífera, Gulf. O seu nome consta ainda de vários textos publicados nos últimos anos em "sites" internacionais como tendo estado associado ao escândalo que envolveu nos anos 80 o Banco de Crédito e Comércio Internacional (BCCI), com sede no Panamá, instituição que foi acusada de ligações ao narcotráfico mundial. Nos EUA, esta investigação foi liderada pelo ex-candidato presidencial John Kerry. Confrontado com o facto, El Assir assegura apenas que "nunca teve nenhuma conta pessoal ou empresarial no BCCI".
Dias Loureiro disse ao PÚBLICO que não é "sócio" de El-Assir e "nada saber "sobre o seu passado". "Não tenho quaisquer razões para pensar mal dele. O seu círculo de amigos é gente respeitável, ele sempre me tratou bem, com amizade e respeito", notou. "[E ainda recentemente] ajudou um meu amigo a entrar em contacto com um médico em Inglaterra."
O ex-deputado ao ser contactado pelo PÚBLICO considerou que o assunto é muito delicado", reconhecendo que mantém uma relação de amizade com o libanês, mas "apenas desde 2001", ano em que este o "ajudou a resolver um negócio em Marrocos", onde estavam "a EDP, a Pleiade e o grupo espanhol Dragados" e ainda um sócio marroquino. Em causa esteve a venda da marroquina Redal (concessão de distribuição de água, de electricidade e de saneamento básico), de que Dias Loureiro era presidente, ao grupo francês Vivendi. Segundo o ex-ministro foi El-Assir que o "pôs em contacto com um responsável de Rabat", o que possibilitou "ultrapassar alguns obstáculos de ordem burocrática" e viabilizar o negócio com os franceses.
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