Se for preso pelos nossos inimigos,
Se as pessoas não falarem comigo,
Se de tudo e de todos for privado:
Do direito a respirar e abrir portas,
Do direito a afirmar que haverá vida
E que, como juiz, o povo julga -
Se me tratarem como a um animal,
Se me atirarem o comer prò chão -,
A dor não amordaço, não me calo,
Mas o que for de desenhar, desenho,
E ao abalar o sino nu dos muros,
Ao despertar o canto escuro inimigo,
Vou atrelar dez bois à minha voz
E no escuro o arado enterro e guio -
E nas profundas da noite, noite alerta,
Olhos se acendem para a terra fértil,
E pois na hoste de fraternos olhos apertado,
Co peso de toda a colheita eu cairei,
De impetuoso juramento é a seara -
E romperá de anos ardentes uma alcateia,
Como tempestade madura vai Lenine
Murmurar. Não haverá putrefacção na terra,
Assassinará razão e vida o Estaline.
(Ossip Mandelstam)
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
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4 comentários:
À atenção da Administração: com tão extensa lista de colaboradores, não haverá forma de estabelecer um sistema de turnos para evitar que o bolg esteja sempre tantas horas sem receber novos posts ? É que dá a ideia de um vaso de guerra a navegar em auto-gestão, ao sabor das ondas, dos ventos, das marés ...
E que tal explorar isto ?: http://doportugalprofundo.blogspot.com/2005/02/os-cursos-de-scrates-actualizado.html
À tripulação:
de António Gedeão "Amador sem coisa amada"
Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.
Quando a angústia embaciar
de tédío os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.
Amador sem coisa amada, .
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.
Enjoyed a lot! »
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