quinta-feira, janeiro 27, 2005

POESIA A BORDO

De Cornélio Pires:

Ai, seu moço, eu só quiria,
pra minha filicidade,
um bão fandango por dia
e um pala de qualidade.

Pórva, espingarda e cutia,
um facão fala-verdade,
e uma viola de harmunia,
pra matá minha sodade.

Um rancho na bêra dágua,
vara de anzó, pôca mágoa,
pinga boa e bão café.

Fumo forte de sobejo;
pra cumpretá meu desejo,
cavalo bão e muié.

2 comentários:

Anónimo disse...

SERTÃO EM FLOR - (um pequeno trecho)

Vassuncês diga o que é
Um coração de home véio
Que quanto mais véio fica,
Mais aprecia uma muié!

Vassuncês ri? Falo sério.

O coração do home véio
é um burro véio trotando,
dáqui e dali trupicando
na derradeira viage,
que faz lá prô cimitério,
comendo pelos caminhos
um resto seco de espinho
que vae topando no chão ,
bebendo uns pingo de orváio
dos óios - as duas cacimbas
da fonte do coração! ....

Em riba dúma cangáia
duas muié carregando
cum o peso todo da idade:
uma, já morta: a Esperança,
outra, inda viva: a Saudade,...

Até cair cum a Esperança
e o cadáver da Saudade
e os frutos podre dos anos
que ele leva no jacá,
prá arrecebê, afiná,
o beijo de amô da boca
da namorada dos véios,
que toda mágua alivia,
que toda a pena consola!...
A Morte, patrão, a Morte!
essa cabloca fié!
Muda... Surda...Cega e fria,
que depois de uma viola,
é a mais mió das muié.

Catullo da Paixão Cearense

Anónimo disse...

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