O modelo dos debates televisivos entre os candidatos à eleição presidencial tem suscitado críticas, sempre provenientes da denominada "Esquerda".
Confesso que não compreendo a razão objectiva de tais críticas, já que o formato utilizado é aquele que permite a cada candidato exprimir melhor as suas ideias, de forma civilizada. Como, aliás, acontece um pouco por todo o mundo.
Mas se este modelo de debate é mau, qual o tipo de debate que preconizam aqueles que o criticam? Não sabemos, porque ainda não se viu nenhum dos críticos avançar com uma proposta concreta; apenas afirmam que o modelo escolhido é mau.
Sou levado a pensar que, em vez da troca civilizada de argumentos, prefeririam uma "peixeirada" à moda dos 'reality shows', explorando as emoções e tudo o que há de mais irracional no ser humano.
Seria este o modelo preferido pela "Esquerda"?
A mim - que já nada espanta - não me custa a acreditar que sim, que a "Esquerda" talvez quisesse uma troca de argumentos "à molhada", de preferência com os cinco candidatos ao mesmo tempo em estúdio (para que fossem quatro a "bater" num, o que é uma prova de grande coragem democrática), se possível aos berros e, a culminar, com uma troca de sopapos - ou, pelo menos, com uns encontrões à mistura.
De duas coisas não me restam dúvidas:
1. Trinta anos depois de Abril, ainda há muito a fazer em termos de educação democrática;
2. A Esquerda portuguesa é um "case study" que merece ser analisado com muita atenção.