domingo, janeiro 23, 2005

POESIA A BORDO

O Chão é Cama

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a húmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama.

Carlos Drummond de Andrade, O Amor Natural

3 comentários:

Ima disse...

Faz-me lembrar qualquer coisa...
O que será?

Anónimo disse...

À meia-noite, pelo telefone,
conta-me que é fulva a mata do seu púbis.
Outras notícias
do corpo não quer dar, nem de seus gostos.
Fecha-se em copas:
"Se você não vem depressa até aqui
nem eu posso correr à sua casa,
que seria de mim até ao amanhecer?"

Concordo, calo-me.

Carlos Drummond de Andrade, O Amor Natural

Ima disse...

Quem perfaz o prodígio e desafia
leis de fidelidade,sendo fiel
a si mesmo e aos contratos de ternura
de uma só boca, em beijos repartida?

O amor,já sei, é jogo de poesia
como a poesia é jogo de contrários.

Tríptico de Carlos Drummond de Andrade