Esta podería ter sido a carta de João Paulo Craveiro a José Luis Arnaut, antes deste o nomear, há dias, para importante cargo cá no burgo:
"Muitíssimo grato lhe estou pelos persistentes esforços que tem feito para me encontrar um emprego em Espanha. Já não espero que daquelas terras me venha solução para o meu duro problema actual. Recomeço a pensar nas Áfricas. Tenho passado a vida inteira a aprender o significado pleno da palavra resignação. Olho para trás, e vejo a minha existência toda cheinha de fainas de ganha-pão áridas, cordialmente detestadas por mim, avessas às minha aptidões e ao meu feitio. Os momentos de trabalho a meu gosto têm sido raríssimos, fugidíos, gozados como se goza um (cume?), e angustiosamente pagos logo depois. Sinto fugirem-me os últimos anos de lucidez, sem a menor esperança de a empregar. A minha vida foi toda ela um naufrágio contínuo, suportado com uma resignação aparentemente risonha ..."
Não fosse ela, em boa verdade, uma carta de António Sérgio a Joaquim de Carvalho, escrita em 29/06/1931.
( in António Sérgio no Exílio, Coimbra, 1983)
domingo, janeiro 30, 2005
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2 comentários:
TIRO AO LADO
TRABALHAR E CONSTRUIR COISAS NÃO É RESIGNAÇÃO
O QUE IMPORTA NÃO É SER OPTIMISTA NEM PESSIMISA OU DESTRUIDOR
O QUE IMPORTA NA VIDA É SER OPTIMIZADOR
That's a great story. Waiting for more. » » »
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